Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada.
_ Fernando Pessoa. Livro do desassossego.
_ Akira Kurosawa. Dodes'ka-den, 1970.
Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada.
Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdo — a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos estes meios-tons da consciência da alma criam em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-pôr do que somos. O sentirmo-nos é então um campo deserto a escurecer, triste de juncos ao pé de um rio sem barcos, negrejando claramente entre margens afastadas.
"Tudo se me evapora. A minha vida inteira, as minhas recordações, a minha imaginação e o que contém, a minha personalidade, tudo se me evapora. Continuamente sinto que fui outro, que senti outro, que pensei outro. Aquilo a que assisto é um espetáculo com outro cenário. E aquilo a que assisto sou eu."
pull me out of the aircrash
pull me out of the lake
cause I'm your superhero
we are standing on the edge
we are standing on the edge
¿Están sonriendo? ¿Están tristes? Todo es misterioso y oscuro, pero por sobre todo, está la mirada de ella ahí; están sus ojos recortando ese espacio, queriendo mostrar algo. Siento tanta admiración por este recorte. Por cómo me hizo sentir viendo esta foto. Quisiera saber si yo despierto esa misma emoción en los ojos de otros. Hoy que hay tantas imágenes y tan poca fotografía. ¿En qué se transforma el amor cuando lo capturamos? ¿En un recorte o en un espacio emocional contenido? Vivimos perseguidos por nuestras fotos, amamos, nos separamos, nos distanciamos de las personas, sentimos que el momento que fotografiamos es nuestro tiempo eterno. Lo encapsulamos y después lo tenemos ahí, estático y duro. Un puñal que atraviesa. Uno quisiera pensar que el sentimiento dura para siempre. Cada fragmento es parte del pasado y el deseo del futuro. Entonces me pregunto, ¿qué hacemos con todas esas fotos que hicimos y que duelen tanto?> Lula Bauer. Las alas invisibles.
Acredito que a essência de uma educação na área de humanas, eliminadas todas as bobagens e patacoadas que vêm junto, deveria contemplar o seguinte ensinamento: como percorrer uma confortável, próspera e respeitável vida adulta sem já estar morto, inconsciente, escravizado pela nossa configuração padrão - a de sermos singularmente, completamente, imperialmente sós.(David Foster Wallace)
Não me oponho à forma, mas somente à forma como objetivo.
Faço-o com base em uma série de experiências e de convicções delas derivadas.
A forma como o objeto leva sempre ao formalismo.
Pois esse esforço se volta não para o interior, mas para o exterior.
Mas só um interior vivo tem um exterior vivo.
Só a intensidade da vida tem intensidade da forma.
Cada um é apoiado por uma coisa.
O amorfo não é pior do que o excesso de forma.
Um não é nada, enquanto o outro é aparência.
A forma real pressupõe a vida real.
Não algo que já foi, nem mesmo algo já pensado.
Aqui se apoia o critério.
Não julgamos o resultado, mas o princípio do processo de dar forma.
Aqui se mostra se a forma foi encontrada na vida ou em si mesma.
Por isso, para mim é essencial o processo de dar forma. Para nós. a vida é o aspecto decisico.
Em sua total plenitude, nas suas relações espirituais e materiais.
Não seria talvez uma das principais tarefa do Werkbund iluminar a situação espiritual e material
na qual estamos, torná-la visível, conferir ordem às suas correntes e então guiá-las?
Não se deve deixar todo o resto para as forças criativas?
[Por isso a questão do clássico ou gótico é tão irrelevante quanto a questão do construtivismo
ou do funcionalismo. Não estamos nem na Antiguidade, nem na Idade Média, e a vida não
é estática ou dinâmica, mas abraça ambos os aspectos]
Somente um processo de dar forma corretamente estabelecido e realizado conduz ao resultado.
Vocês julgam o resultado, nós, o princípio do processo.
Assim como é certo que o processo de dar forma se torna visível só no resultado, é igualmente
certo que um processo começado e conduzido corretamente leva ao resultado.
Não é essa a tarefa mais importante, talvez a única?
Por isso me parece mais importante avaliar a situação em que nos encontramos, torná-la visível, ordenar suas correntes e com isso guiá-las.
Queremos nos abrir à vida e tomá-la.
A vida para nós é decisiva. Na plenitude de suas condições espirituais e materiais.
Não julgamos o resultado, mas o princípio do processo de dar forma.
Aqui se mostra se a forma foi encontrada na vida ou em si mesma.
Por isso, para mim é essencial o processo de dar forma. Para nós, a vida é o aspecto decisivo.
A vida para nós é o aspecto decisivo.
Na plenitude de suas condições espirituais e materiais.
Não é essa a tarefa mais importante, talvez a única do Werkbund, iluminar a situação espiritual
e material na qual estamos, torná-la visível,
conferir ordem às suas correntes e então guiá-las?
Não se deve deixar todo o resto para a força criativa?
A morte (ou sua alusão) torna preciosos e patéticos os homens. Estes comovem por sua condição de fantasmas; cada ato que executam pode ser o último; não há rosto que não esteja por dissolver-se como o rosto de um sonho. Tudo, entre os mortais, tem o valor do irrecuperável e do inditoso. Entre os Imortais, ao contrário, cada ato (e cada pensamento) é o eco de outros que no passado o antecederam, sem princípio visível, ou o fiel presságio de outros que no futuro o repetirão até a vertigem. Não há coisa que não esteja como que perdida entre infatigáveis espelhos. Nada pode ocorrer uma só vez, nada é preciosamente precário. O elegíaco, o grave, o cerimonioso não vigoram para os Imortais. Homero e eu nos separamos nas portas de Tânger; creio que não nos dissemos adeus._O Aleph. Jorge Luis Borges.
Straub: No se puede adaptar un libro si este libro no nos toca, y una obra no puede tocar a nadie si no la encontramos violentamente, en la vida –porque hayamos vivido al menos la mitad de las experiencias que vivió su autor. Si hicimos Nicht versöhnt, a partir de Heinrich Böll, es porque pensaba en la cuestión de Argelia. Y Les Yeux…, basada en Corneille, no fue hecha sólo para contar cómo fue el ascenso al poder del sucesor de Nerón, o porque esta historia nos recordara a The Big Sleep, de Hawks, sino porque no había una sola escena en ese texto que no hubiera sido una experiencia personal para mí o para Danièle, en nuestras familias o con personas de la sociedad. Nadie puede hacer cosas que se conviertan en formas y materias audiovisuales si estas cosas no son el fruto de sus propias experiencias.http://www.elumiere.net/exclusivo_web/internacional_straub/textos/straub_lisboa.php
(...)
Es necesario, por encima de todo, que la cámara no sea un ojo, sino la vista. Este es el trabajo. (…) Es conocer la distancia, moral y material (da lo mismo) entre lo que se muestra y la cámara. Para el encuadre, los alemanes usan la palabra “Einstellung”. Einstellung también significa disposición moral. (…). Lo que es necesario, creo, es una idea. Una idea que no sea una intención simbólica ni psicológica. Una idea moral, luego política.
...É tão difícil fazer um filme como vê-lo bem. E às vezes o tempo passa e as coisas tornam-se mais claras".
... não são o princípio e o fim de tudo, inclusive da sétima arte: são um dos aspectos da existência, do mundo, do homem, do cinema.
Chamamos de cinegenia a maneira pela qual a máquina se apropria e faz sua, remodela, redesenha aquilo de que ela se apodera: corpo, rosto, coisa. Essa nova dimensão conferida ao ser ou à coisa filmada é antes de tudo a declaração de que houve um olhar para esse ser ou essa coisa. O cinema inscreve naquilo que filma a idéia, o código, a aura do olhar. Olhar que deve ser um pouco menos humano (a máquina) para que eu possa vê-lo, para que ele seja notado. Passando pelo cinema, o mundo torna-se olhar para o mundo. Mundo como olhar.
I will try not to burden you
I can hold these inside
I will hold my breath
Until all these shivers subside
Just look in my eyes
Em favor da crítica - Agora lhe parece um erro o que outrora você amou como sendo a verdade ou probabilidade: você o afasta de si e imagina que sua razão teve aí uma vitória. Mas talvez esse erro, quando você era outro - você é sempre outro, aliás -, lhe fosse tão necessário quanto as suas "verdades" de agora, semelhante a uma pele que lhe escondia e cobria muitas coisas que você ainda não podia ver. Foi sua nova vida que matou para você aquela opinião, não sua razão: você não precisa mais dela, e agora ela se despedaça e a irracionalidade surge dentro dela como um verme que vem à luz. Quando exercemos a crítica, isso não é algo deliberado e impessoal - é, no mínimo com muita frequência, uma prova de que em nós há energias vitais que estão crescendo e quebrando uma casca. Nós negamos e temos de negar, pois algo em nós está querendo viver e se afirmar, algo que talvez ainda não conheçamos, ainda não vejamos! - estou dizendo isso em favor da crítica!
Felizmente — ah! um felizmente neste último capítulo de um caipora, é, na verdade, uma anomalia; mas vão lendo, e verão que o advérbio pertence ao estilo, não à vida; é um modo de transição e nada mais.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se
encontram.